"Comecei a trabalhar em The Story of Has-Been durante uma estadia de dois meses em uma ocupação anarco-punk em Zagreb, três anos atrás. A ocupação acontecia em uma fábrica de farmacêuticos desativada. Lá havia uma escola de circo e galpões onde aconteciam festas. Abrigava muitos artistas, músicos e gente de passagem, como grupos de circo e bandas em turnê.
Minha acomodação era ao lado da cozinha, que era frequentada dia e noite. Durante aqueles dois meses, documentei diariamente os restos dos almoços coletivos, cafés e jantares. Documentava também a rotina de um tatuador dinamarquês, Esben, de passagem por Zagreb. À noite fotografava a cidade ao sul da estação de trem, região decadente, onde boa parte das lojas se encontravam vazias.
A escolha do que fotografar foi ditada pelo espaço e pelas pessoas que conviviam na ocupação. Como não me foi dado um quarto como os outros, e me colocaram perto da cozinha constantemente utilizada, fui aceitando o espaço que me foi oferecido sem tentar me impor. Por algum motivo, não consegui me enturmar com os outros dentro daquela comunidade, e por isso tive que procurar nos restos e rastros dos almoços e jantares o material para as minhas fotos.
Depois de meio ano, pensei em editar esse material e percebi que haviam certos temas recorrentes, que corriam em paralelo. Isso me fez pensar em uma espécie de foto-novela fragmentada, onde cada volume trata de um tema, mas é feito para ser visto em relação aos outros.
A ideia foi criar uma espécie de filme para o espectador dos livros, que teria quatro elementos de uma suposta história: a cidade, um local privado (a cozinha), um personagem e uma paisagem. Ao folhear cada livro de forma aleatória – como não há uma sequência linear fechada – ele editaria seu próprio filme."
Vijai Patchineelam em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)
muito legal mas so q nao