"Mondial 2010 é um filme sobre amor e lugares. Um casal gay libanês decide fazer uma viagem de carro a Ramallah. O filme é gravado com a câmera deles, que relatam sua jornada. As conversas do casal convidam o público a entrar no universo de uma cidade que está desaparecendo.
O trabalho discute as fronteiras institucionais no Oriente Médio moderno. Ele usa o vídeo como aparato para transgredir fronteiras impostas às pessoas contra sua vontade. Vale mencionar que as relações entre israelenses e libaneses são regidas pelo Código Criminal Libanês de 1943 e pela Lei Libanesa de Boicote a Israel, de 1955; o código proíbe qualquer interação com cidadãos de Estados inimigos e a lei especifica que estes cidadãos são os israelenses, o que impossibilita que um cidadão libanês viaje a Israel (ou aos Territórios Palestinos).
Portanto, trata-se de um filme de viagem numa trajetória que não permite uma viagem, estrelando um casal de homens, num cenário onde a homossexualidade é um crime passível de punição. Filmado com uma câmera de mão, Mondial 2010 toma emprestada a estética de um videolog de viagem. O trabalho normaliza o anormal e, assim, cria seu próprio universo de possiblidade. Ele foge à visão passiva comumente aceita do conflito entre a Palestina e Israel, que coloca a vítima/o opressor no centro do imaginário que se produz. Este vídeo plana sobre o conflito e se coloca acima dele."
Roy Dib em depoimento à PLATAFORMA:VB (julho 2015)