"Em Découverte des Américains a analogia com o neoconcretismo é intencional. Câmera fixa, um amarelo estridente, solar, tinge o muro ao fundo. O chão está tomado por areia clara. Papéis-celofane de diferentes cores segurados por duas mãos na parte superior da tela caem, um a um. Meio parangolés, meio relevos espaciais. Em um primeiro momento cada folha é plana; uma vez solta, caindo ao acaso, torna-se tridimensional. A pintura ganha o espaço, a cor como campo vibrátil torna-se manifesta em contraposição à monocromia; o aleatório, e não a ordem, é o alvo. Esculturas efêmeras exibem o seu espasmo de vida.
Caetano Veloso em uma letra sobre os norte-americanos findou por falar agudamente sobre nós, americanos do Sul: 'Americanos são muito estatísticos / Têm gestos nítidos e sorrisos límpidos / Olhos de brilho penetrante que vão fundo no que olham, mas não no próprio fundo / Os americanos representam grande parte da alegria existente neste mundo / Para os americanos branco é branco, preto é preto (e a mulata não é a tal)/ … / E assim ganham-se, barganham-se, perdem-se, concedem-se, conquistam-se direitos / Enquanto aqui embaixo a indefinição é o regime / E dançamos com uma graça cujo segredo nem eu mesmo sei / Entre a delícia e a desgraça / Entre o monstruoso e o sublime / Americanos não são Americanos / São velhos homens humanos / Chegando, passando, atravessando / São tipicamente Americanos / Americanos sentem que algo se perdeu / Algo se quebrou, está se quebrando'." Luisa Duarte
Em ocasião da inscrição para o 19º Festival, Rodrigo Cass apresenta sua obra a partir das palavras da curadora Luisa Duarte (janeiro 2015)