El Museo Imposible de Las Cosas Vivas. Departamento de Integración PanContinental (Área de Contacto Triangular)

2014
Beto Shwafaty
publicado em 21.09.2015
última atualização 21.09.2015

“Esta interação do Museu Impossível se desdobra como uma narrativa objetual intrincada sobre a recente disputa por fronteiras marítimas entre o Chile e o Peru, que resultou numa area triangular de terras devolutas de quase 37.000m2. A instalação reúne e intervém em imagens e objetos (por meio de elementos gráficos e...


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“Esta interação do Museu Impossível se desdobra como uma narrativa objetual intrincada sobre a recente disputa por fronteiras marítimas entre o Chile e o Peru, que resultou numa area triangular de terras devolutas de quase 37.000m2. A instalação reúne e intervém em imagens e objetos (por meio de elementos gráficos e assemblages) como uma forma de registro evocativa do estado atual dessa situação territorial, política e cultural.

O projeto recebe o seu título a partir da atual denominação jornalística dessa disputa. Uma imagem da mídia que mostra chefes de tribos locais comemorando a resolução da disputa (pela corte de Haia), foi o gatilho de interesse pela situação. Assim, os campos de mediação que atuam na formação da opinião pública - e seus derivados midiáticos - foram de fundamental importância para a definição das ações desenvolvidas no projeto, que fundem imagens e objetos pré-existentes, oriundos de camadas sociais, culturais e temporais diversas.

Fotografias e materiais impressos são conjugados com artefatos e objetos para evocar capítulos alternativos, efeitos colaterais e outros aspectos desse episódio. Juntamente com cada elemento da instalação existem etiquetas com detalhes (por vezes ficcionais) sobre os mesmos. Também são considerados no projeto alguns eventos históricos que circundam o caso, e que remontam à Guerra do Pacífico (século XIX), como forma de evocar uma arqueologia hipotética sobre a recorrência dessa situação real.

Aludindo à invisibilidade implícita dos artefatos relacionados ao caso, a construção desses objetos hipotéticos (entendido como artefatos e produzidos a partir de materiais locais e populares encontrados na vida diária em Lima), também podem ser relacionados indiretamente a momentos de (in)visibilidade sociocultural e política ligadas a essa longa disputa, que reverberam ao mesmo tempo regimes imperialistas e lógicas coloniais, executadas estranhamente entre povos ‘vizinhos’ e com histórias similares. 

Toda a instalação opera conceitualmente a partir de momentos e situações relacionados a uma área de disputa, servindo como uma estrutura de exibição para 'artefatos docu-ficcionais', que permite uma reflexão sobre as difíceis relações políticas, e suas memórias, no continente.”

* O projeto resulta de um processo de um mês e meio de intensa pesquisa, sendo vinte dias em solo Peruano a fim de conduzir pesquisas e trabalhos de campo para gerar a atual formalização do projeto.

Beto Shwafaty em depoimento à PLATAFORMA:VB (julho 2015)


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Dados técnicos

El Museo Imposible de Las Cosas Vivas. Departamento de Integración PanContinental (Área de Contacto Triangular), 2014 | Instalação
Beto Shwafaty

Ações VB
19º Festival
Outras conexões

“Me interessa criar um processo artístico que se torne um campo composto por aspectos documentais, poéticos, estéticos e políticos. Um processo que permita a aproximação com uma determinada realidade a partir de pontos de encontro, de conjunções de significados e de momentos que, a princípio, não estejam totalmente conectados. Busco uma convergência de diversos tempos e espaços no trabalho, que geram novos aspectos sobre algo que já é parcialmente conhecido, corriqueiro, mas que merece talvez uma outra mirada, mais profunda, para nos mostrar aspectos encobertos pelo tempo.

A instalação se torna um dispositivo formado por diversos níveis de apropriações, que faz colidir e emergir uma série de questões de conflito, sem necessitar da evocação literal do fato histórico. Certos procedimentos e características museográficas e instalativas também trazem a tona uma certa tradição ligada à estratégias que minam, ou ao menos tornam desconfiáveis, os discursos históricos reforçados pelos regimes dos museus. Trabalhos como os de Fred Wilson, Hans Haacke e Marcel Broodthaers são referências no questionamento acerca desses discursos.” 

Anexos

The Impossible Museum Of Living Things – Department of Pan-Continental Integration (Triangular Area of Contact), por Jose Roca (Solo Projects, ParC LIMA, 2014) [eng]

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