Frau

1983
TVDO
publicado em 29.11.2013
última atualização 08.09.2014

"Tentamos fazer vídeos institucionais para empresas. Tentamos fazer documentários sobre artes plásticas. Tentamos nos institucionalizar. Não conseguimos. Ao contrário, fizemos o vídeo Frau, em 1983. Uma viagem ao Festival de Cinema de Gramado com a presença de Zé Celso e Julio Bressane. Nada que se possa chamar de documentário....


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"Tentamos fazer vídeos institucionais para empresas. Tentamos fazer documentários sobre artes plásticas. Tentamos nos institucionalizar. Não conseguimos. Ao contrário, fizemos o vídeo Frau, em 1983. Uma viagem ao Festival de Cinema de Gramado com a presença de Zé Celso e Julio Bressane. Nada que se possa chamar de documentário. Nem de videoarte. Nem de matéria jornalística. Ali havia realidade, ficção, acasos, erros transformados em linguagem... Frau nos mostrou o caminho. Anárquico, iconoclasta, glauber-oswald-chacriniano. Somos o que somos, inclassificáveis (Arnaldo Antunes, na música Inclassificáveis). Frau se tornaria o primeiro vídeo de uma trilogia TVDO [com Non Plus Ultra, 1985, e Heróis da Decadên(s)ia, 1987]. Frau foi quinescopado (virou 35 mm) e o inscrevemos em um festival de cinema!

Tudo. O que acontecia era; o que não acontecia também era TV. Para nós, não havia limites. Achávamos que podíamos tudo. Nascemos no meio acadêmico batizados pela cultura de massa, principalmente pela televisão. Eram ainda tempos de ‘filme de autor’, lembranças da tropicália, e vídeo era apenas o nome de uma fita. No nosso caldeirão de referências havia J. R. Aguilar, Glauber Rocha, Godard, Eisenstein, Dziga Vertov, Augusto de Campos, Maiakovski, Zé Celso Martinez Corrêa, Oswald de Andrade, Caetano Veloso, Rolling Stones e, em lugar de honra, Chacrinha.”

Trecho extraído do depoimento de Tadeu Jungle, publicado no livro Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro, de Arlindo Machado (Ed. Iluminuras, 2007)

 

"Frau não teve roteiro. Foi realizado em um dia e uma noite – um 'panaroma'  do cinema Nacional no ano de 1983. O Festival de(s)Gramado contava com a participação de Neville de Almeida, Júlio Bressane, Noilton Nunes e Zé Celso entre outros. Tadeu Jungle e eu fomos convidados pelo UZYNA UZONA e – munidos de câmera, fitas e VT – embarcamos, para lá fazer o que pintasse, até um vídeo. Lá, encontramos Isa Castro que integrou a equipe e depois, conosco, editou o vídeo. O eixo foi o discurso de Zé Celso na noite de premiação. 

O Frau representa, e muito, a trigramática criativa da TVDO: modo de produção coletivo, manipulação do discurso através da edição/sonorização e a câmera na olho (sic).

Nesse vídeo, de algum modo, coexistem a antropofagia de Oswald e Tarsila, a espinafração da Tropicália, a videoarte de Num June Paik, os vídeos de Glauber Rocha, a teoria da relatividade, a física quântica, as filosofias de Schopenhauer e Nietzsche.

Vivíamos a época da abertura política no Brasil, em meio à redemocratização, onde os movimentos sociais e os estudantes protestavam contra a falta de liberdade política . O Frau é um "minifesto" da liberdade de expressão: Um Vale TVDO. Liberou geral!

Frau é deflagrador de procedimentos narrativos inovadores à época, que o tornam um marco histórico experimental da videografia."

Walter Silveira em depoimento a PLATAFORMA : VB (dezembro 2013)


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Dados técnicos

Frau (1983) | Isa Castro, Tadeu Jungle, TVDO, Videoverso, Walter Silveira
Vídeo | 18’17”, U-Matic, PAL, cor

Ações VB
01º Festival
Antigas e novas disputas
Anexos

Vídeo no brasil 1950-1980: novos circuitos para a arte, por Christine Mello, situa a obra e o percurso da produtora TVDO neste recorte temporal. (Arte y políticas de identidad, vol. 1, dez. 2009). [pt]

Parâmetros para o entendimento das mídias emergentes e a formação de um público especializado no Brasil, por Yara Guasque, Silvia Regina Guadagnini e Sandra Albuquerque Reis Fachinello, contextualiza a produção da TVDO na criação em arte e tecnologia no Brasil (6º Encontro Internacional de Arte e Tecnologia, Brasília, 2007). [pt]

 

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