"Mongolism cita a trama da novela histórica chinesa Princess Pearl. Conta-se que Xiang Fei, princesa da Região Ocidental, tinha uma fragrância encantadora inata. Para manter a paz entre os países e regiões, a então concumbina abriu mão do seu marido e seus próprios sentimentos, e foi levada a viver no palácio do imperador, em Pequim.
As novelas tradicionais da China fazem referências a mitos, religiões, temas históricos, guerra e amor, em todos os seus aspectos. Elas são populares e sempre foram o tema de conversas após os jantares da pequena burguesia.
Nessa obra, eu tento resgatar experiências e a emoções às vezes esquecidas pelas pessoas e combiná-las com a realidade. Ao mesmo tempo, busco refletir uma psicologia cultural e, por metáforas, as necessidades estéticas da sociedade contemporânea. Procuro enfatizar as emoções dos personagens que quero trazer à atenção do público, pois sempre acreditei que as emoções humanas são o que há de mais verdadeiro; elas são como espelhos que refletem todo tipo de fenômeno social.
Eu filmo de acordo com as condições do ambiente onde estou e isso possibilita que as narrativas dos meus filmes sejam mais livres. Assim, ao realizar Mongolism, queria uma obra que fosse mais realista, e por isso abri mão de consultar um roteiro durante as filmagens.
A China está se desenvolvendo a todo vapor, e é difícil encontrar uma verdade absoluta nisso. O que se vê são mudanças, destruições e renascimentos. Os chineses contemporâneos têm uma grande necessidade de imaginação histórica, e essa situação os deixa desapontados com o presente e desconfiados do futuro."
Tao Hui em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)
