Enclosed

2010
Soft Turns
publicado em 26.07.2013
última atualização 08.09.2014

"Nosso trabalho colaborativo envolve a exploração do espaço comum, como uma relação entre os indivíduos e seus entornos.

Utilizamos objetos encontrados e fáceis de obter, seja por métodos ‘faça você mesmo’, por experimentações ou intuições.  Isso resulta em ambientes que...


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"Nosso trabalho colaborativo envolve a exploração do espaço comum, como uma relação entre os indivíduos e seus entornos.

Utilizamos objetos encontrados e fáceis de obter, seja por métodos ‘faça você mesmo’, por experimentações ou intuições.  Isso resulta em ambientes que se comportam segundo uma determinada lógica, talvez estranha e inesperada. Situações, à primeira vista banais e pouco importantes, tornam-se mais curiosas à medida que tentamos dar voz à sua alteridade, permitindo que subtons profundos e filosóficos venham à tona.

Para nós, o espaço do Outro é um espaço indiscernível; ele nunca pode ser completamente medido ou fixado, mas é aberto a possibilidades, pode ser (re)simbolizado e (re)pensado. Em algumas ocasiões, o Outro pode tomar a forma de um espaço público (como uma biblioteca), ou um espaço doméstico (como uma janela de cozinha), mas também pode se manifestar em objetos ou materiais.  A interação com esses espaços – breves momentos que tecem o pano de fundo da existência cotidiana – forma a base do nosso trabalho.

Nosso processo é fundamentalmente desenvolvido pelo diálogo e pela troca; tentamos permanecer conscientes das maneiras como interagimos com materiais e processos. Frequentemente, criamos cenários que integram objetos encontrados nas representações do espaço público. 

Em Enclosed, queríamos criar um espaço inteiro a partir de um objeto múltiplo: livros.  Começamos o projeto planejando o movimento da câmera; queríamos que seu movimento constantemente circular criasse um ritmo conflitante para acessar o espaço. Imaginamos que o efeito deste movimento, sincronizado em duas telas e acompanhado pelos sons e o zumbido de um scanner digital, pudesse se relacionar a diversos tipos de práticas humanas para o acúmulo de conhecimento.

Inicialmente, fomos inspirados pela história A Biblioteca de Babel, de Jorge Luis Borges, que descreve uma biblioteca infinita com todos os livros possíveis. Alguns livros são escritos em línguas incompreensíveis, mas em algum lugar da biblioteca você pode encontrar a história de sua própria vida e morte. Um livro pode ser encontrado ao lado de outro quase idêntico. A incapacidade de decidir o que é verdadeiro e o que é falso, principalmente em um lugar que deveria oferecer conhecimento, é uma ideia que nos cativa. Ela questiona, ao mesmo tempo, a autoridade da instituição e a possibilidade de se ter certeza de qualquer coisa. Salienta o fato de que coleções como bibliotecas foram reunidas de determinadas maneiras, segundo critérios (talvez até intenções subjacentes).  Essa ideia demonstra uma relação complexa entre o que é acessível e o que não é.

Em sua existência quase passiva, esses espaços influenciam nosso modo de pensar e interpretar o mundo.  Não são apenas contextos em branco, abertos e despolitizados, manobrados por alguém, e sim espaços complexos, não completamente acessíveis ou maleáveis. Na biblioteca infinita, assim como em nosso vídeo, cabe àquele que passa permanecer durante o tempo que desejar; concentrar-se nos detalhes do material que se descortina para formar seu próprio caminho em meio ao excesso de informações."


Soft Turns​ ​em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Enclosed (2010) | Soft Turns
Videoinstalação | 2 canais, animação stop motion, 2’28”, estéreo, cor, 16 : 9, loop

Detalhe da videoinstalação Enclosed (2010)

Ações VB
18º Festival
Outras conexões

Site do Soft Turns.

Anexos

Inside the library inside my head: Soft Turn´s Enclosed, por Rosemary Heather (Stride, set. 2011). [eng]

A dizzying reminder of the fate of words in the e-book age, por R. M. Vaughans (The Globe and the mail, dez. 2010). [eng]

Mechanical and Disorienting Perceptions, sobre a relação entre a instalação de Pierre Bourgault, Jenesaispasvraimentoujevaismaisjemenvais (2011), e Enclosed (Clark Plaza, Quebec, jan. 2012). [eng]

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