Escudos

2013
Amanda Melo
publicado em 07.05.2013
última atualização 15.01.2015

"Ao entrar em contato com a arquitetura de Lina Bo Bardi no SESC Pompeia, Escudos (que já havia sido montado em outros espaços) precisou dar conta da escala do ambiente para estabelecer um diálogo com todas aquelas formas e conceitos espaciais. Essa arquitetura criou a necessidade de instalar diversos ‘escudos’ em lugares diferentes, como se...


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"Ao entrar em contato com a arquitetura de Lina Bo Bardi no SESC Pompeia, Escudos (que já havia sido montado em outros espaços) precisou dar conta da escala do ambiente para estabelecer um diálogo com todas aquelas formas e conceitos espaciais. Essa arquitetura criou a necessidade de instalar diversos ‘escudos’ em lugares diferentes, como se tivéssemos uma situação de descontrole da erosão.
 
Por ser um trabalho que lida com a água, um elemento de difícil controle, percebo que sempre é necessária uma etapa de negociação para a montagem desse trabalho. Invariavelmente, me deparo com questionamentos a respeito das consequências de se ter água vazando, o sal alterando os materiais à volta, infiltrações ou deteriorização dos espaços. Além disso, o sal é um elemento corrosivo que pode alterar a coloração dos materiais. Mas, na montagem de Escudos para o 18° Videobrasil, seu aspecto bruto não foi solicitado. Não há o que manchar ou corroer no concreto que se encontra por baixo da obra, tem-se apenas que observar como se dará a interação do objeto com os diferentes espaços a serem instalados. Em conversa com Diego Matos, que integra a equipe de curadoria do 18° Videobrasil, essa nova condição do trabalho é colocada:
 
‘Acho que existe um novo componente que diz respeito ao nosso movimento em relação ao edifício e, nesse sentido, a presença dos escudos nos permite observar diferentemente o espaço arquitetônico, ao mesmo tempo em que se inverte a noção de perenidade imposta pelo espaço construído. Então, fiquei imaginando que esses escudos, cada um com sua singularidade (apesar de serem compostos pelo mesmo material e mesmo processo de execução), nos oferecerão um dado de imprevisibilidade que torna a obra potente mas inusitadamente frágil, o que vejo como algo positivo.’
 
Quando comecei a pensar nesse trabalho, estava criando peças para uma roupa usada em uma performance na qual caminho em direção a um jato de água, até a exaustão ou até algo que pare o embate. Tanto a roupa quanto os diversos tipos de escudos que faço, surgiram a partir dessa experiência.

Imagens de conflitos, embates e enfrentamentos pelo mundo são constantemente publicadas em jornais. Foi uma dessas imagens com jato de contenção de multidões que me chamou atenção.
 
Durante minha residência no programa Bolsa Pampulha, tive a oportunidade de entrar em contato com a instalação O Ignoto (1996) de Artur Barrio. Ao conversar com Júlia Rebouças sobre o impacto daquele trabalho em mim, ela comentou um diálogo que teve com o artista, no qual ele escreveu a frase “sal é mar”. Face à minha experiência de um ano longe do mar e da possibilidade de desenvolver um projeto de viagem pela costa brasileira (com os desenhos de observação feitos a partir da perspectiva da água), decidi que Sal é mar seria o título do meu projeto.  Viajei por dois anos em contato direto com o mar, e agora moro mais uma vez em uma cidade sem mar. É possível que o escudo de sal e São Paulo estejam simbolicamente ligados."


Amanda Melo em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Escudos (2013) | Amanda Melo
Intervenção escultórica | Esculturas de sal, 65 cm de diâmetro cada
 

Depoimento Amanda Melo | 18º Festival

Sobre sua obra, Amanda relata as situações de produtivo embate poético que consegue a partir do sal, desde suas pesquisas iniciadas em 2011, quando se propôs a desenhar dentro do mar com lápis aquareláveis

Ações VB
18º Festival
A Cidade Como Meio
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