Estatuto da divisão territorial

2012
Pedro Motta
publicado em 15.07.2013
última atualização 18.12.2014

"Iniciei essa pesquisa em 2011, durante minhas diversas viagens entre Belo Horizonte e São João Del Rei. Coincidentemente, foi o momento em que comecei minha mudança para o interior. Com essas viagens, comecei a notar mutações sutis na paisagem. Muitas delas resultantes da ação do homem, outras do próprio tempo. Senti a necessidade de...


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"Iniciei essa pesquisa em 2011, durante minhas diversas viagens entre Belo Horizonte e São João Del Rei. Coincidentemente, foi o momento em que comecei minha mudança para o interior. Com essas viagens, comecei a notar mutações sutis na paisagem. Muitas delas resultantes da ação do homem, outras do próprio tempo. Senti a necessidade de acelerar esse processo, por meio de intervenções diretas na paisagem ou através da manipulação digital. Retomei o uso de dois suportes que, por causa da fotografia, havia deixado de lado: o desenho e a escultura. 

Um fato curioso é que gosto muito de dirigir. Nesta situação, consigo abstrair e deixar o pensamento mais solto; crio trabalhos, problematizo-os, busco soluções. Consigo acalmar a mente e entrar em uma espécie de meditação. É assim que entro na paisagem da região.

Não sei se sou um bom artista, mas creio que sou um bom observador.

Creio que a relação com espaço geográfico afetivo (esta paisagem) transborda nas séries um pouco monótonas que venho produzindo. Meu trabalho aponta para uma discussão sobre o espaço, o deslocamento e transformação da paisagem natural. Sempre há um encantamento visual pela paisagem, seja ela urbana ou rural. Retorno ao lugar diversas vezes para depois realizar as fotografias. Acho que o retorno é uma forma de dominar e tomar posse do espaço.

Acredito que o objetivo do meu trabalho é justamente propor o confronto entre os dois meios: o paradigma do caos urbano e da sobrevida da natureza — ora silenciosa, ora ruidosa. Nossa convivência com o meio natural, muitas vezes, traz estranhamentos que nós mesmos não acreditamos ou duvidamos que existam. A dúvida é uma questão que me instiga a todo momento.

Algumas séries tratam da relação entre o sujeito e a natureza. Muitas vezes, essas instâncias estão atrito na sociedade contemporânea, em função de um certo deslumbre do homem em relação à vida citadina e rural, cabocla. Diante das transformações do espaço contemporâneo procuro, com essas imagens, mostrar que é possível haver uma forma de convívio mútuo, que muitas vezes se manifesta de forma harmônica, outras, escapam ao nosso controle. Seria como uma sobrevida da natureza em meio ao caos urbano.

Meus pais são professores universitários, e tive a sorte de estar em um ambiente totalmente favorável ao fazer artístico. Devido à minha formação em desenho na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), percebo a importância de toda essa influência, no meu pensamento e na minha criação. Hoje em dia sou muito mais ligado às artes plásticas do que a própria fotografia. O desenho é a linha condutora de tudo que eu faço. Ele organiza meu pensamento artístico e corriqueiro."


Pedro Motta em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Estatuto da divisão territorial (2012) | Pedro Motta
Fotografia e desenho | 77 fotografias, 33 × 33 cm cada; lápis sobre impressão de tinta mineral em papel algodão

Detalhe da instalação da obra Estatuto da divisão territorial (2012) no espaço expositivo do 18º Festival de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil

Depoimento Pedro Motta | 18º Festival

O fotógrafo e desenhista mineiro relata a gênese de sua obra. Nesse depoimento, lembranças afetivas da infância, imagens de paisagens e a experiência de construção de uma edificação desde as bases se cruzam

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