“calma, não me abraça forte seu pingente prata me arranha o peito”
"o apagamento visível, o vestígio, a rasura. o texto sobre a cópia que cria um outro sentido para a primeira foto, o mistério das rasuras, o mistério do próprio texto escrito na foto, que não é claro. na primeira foto, a imbaúba prateada parece iluminar seu entorno feito um sol ou uma lâmpada. na segunda, a penumbra toma conta, se estabelecem camadas, tenta-se ver a foto por baixo, mais ainda, tenta-se ver o texto que se encontra por cima da foto, ilegível, afogado pelas rasuras, que flutuam, “calma”, sobre o papel de algodão, “calma”, feito nuvens ou tijolos. deixando rastros. “calma”. resquícios. “não me abraça forte”. que dependendo da incidência da luz, torna as rasuras visíveis ou apenas deixa a foto mais escura. “calma”. revelando pouco, “seu pingente prata”, porém, mais do que o suficiente, “me arranha o peito”.
Omar Salomão em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)