"Minhas principais referências, para ambos os trabalhos, são os contos de fadas e outros conteúdos da literatura infantil, o folclore, tradições populares, a infância (minha e dos outros), o mundo rural, as florestas e matas que já visitei, o teatro, os processos interpretativos, o mundo natural, a natureza humana, casas fechadas e desabitadas, as miniaturas, os brinquedos.
Acredito que o principal aspecto a ser ressaltado no meu processo criativo talvez seja a observação, ou seja, o tempo que as coisas levam para tomar forma ou corpo. Às vezes, isso pode tomar muito tempo, demorar mesmo. Em outras ocasiões, isso pode ser muito repentino. Em uma conversa ou um filme, na observação do cotidiano incontrolável, há o despertar para o trabalho, quase como se ele já existisse em mim. Em outras situações, a obra vai amadurecendo e, não raro, tomando novos contornos em sua formatação plástica.
Esses trabalhos estão em plena consonância com minha linguagem e os diversos aspectos de meu vocabulário visual, como a relação com o mundo infantil, a perspectiva do espectador à condição da criança, as estruturas narrativas, a utilização de procedimentos artesanais na manufatura dos distintos elementos que compõem os trabalhos. Está tudo ali.
Eu sou muito curioso. Com isso, quero dizer que me interesso por ‘tudo’: do cotidiano banal até aos mundos enciclopédicos e as recentes formas de transformação dos saberes, o redimensionamento das narrativas, os olhares, a percepção das possibilidades ocultas nos diálogos.
Tento dilatar ao máximo a minha capacidade de absorção do mundo e retrabalhar isso a partir de uma urgência pessoal e, portanto, afetiva, que me lança em direção a novos desafios na realização do meu trabalho."
Nazareno Rodrigues em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)