Demolishing Rumor

2010
Morgan Wong
publicado em 04.07.2013
última atualização 18.12.2014

"A criação de Demolishing Rumor está muito relacionada ao absurdo e ao esforço empreendido na realização de uma ‘performance duracional’. É através desse tipo de performance que eu entro em um outro estado mental e percebo o tempo em uma dimensão diferente. Isso é significativo para mim, já...


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"A criação de Demolishing Rumor está muito relacionada ao absurdo e ao esforço empreendido na realização de uma ‘performance duracional’. É através desse tipo de performance que eu entro em um outro estado mental e percebo o tempo em uma dimensão diferente. Isso é significativo para mim, já que às vezes me pego experimentando um ‘desconforto com o tempo e suas medidas’, uma sensação que a historiadora da arte Pamela M. Lee explicou como sendo o sintoma de ‘cronofobia’.  

Demolishing Rumor aborda os boatos que correram em Pequim sobre a demolição dos seus art districts (bairros de artistas e galerias), em 2010. O Caochangdi Art District, na parte nordeste da cidade, foi erguido quando o artista chinês Ai Weiwei construiu seu ateliê no lugar que havido sido uma antiga fazenda, em 1999. Logo, outras galerias e ateliês foram sendo erguidos ao redor.

Não é de surpreender que os rumores sobre a destruição do Caochangdi Art District tenham começado a circular, como também havia acontecido em outro bairro da cidade, o famoso 798 Art District. Ambos são exemplos dos efeitos colaterais do rápido crescimento da economia chinesa e seu desequilíbrio em relação ao desenvolvimento e à preservação cultural – um fenômeno que pode ser observado no mundo inteiro. 

Esse trabalho me levou ao primeiro contato com a censura na arte. Isso também aconteceu em Pequim, em 2010, quando a obra integrou uma exposição em um festival organizado em parceria com o governo local. Eu me propus a expor Demolishing Rumor porque sabia que trataria de questões relacionadas à demolição forçada de um bairro – uma ação que estava acontecendo por toda parte na cidade. Minha proposta e o título da obra assinalavam claramente a sua contestação política sobre a questão da demolição. Mesmo assim, um dia antes da montagem, fui informado de que teria que mostrar outro trabalho ou retirá-lo da exposição.

Finalmente, após negociações entre os curadores e os responsáveis pela organização, a obra foi instalada conforme planejado. Esse drama ainda me impressiona, tanto pelo nível de censura cultural existente na China, quanto pela inutilidade de se ter uma postura crítica sob um governo negligente."


Morgan Wong em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Demolishing Rumor (2010) | Morgan Wong
Videoinstalação | Tijolos, concreto, TV, 75 × 150 × 150 cm; vídeo, 13’22”, estéreo, cor, 16 : 9 para 4 : 3

Detalhe de Demolishing Rumor (2010)

Depoimento Morgan Wong | 18º Festival

O artista fala de suas impressões sobre São Paulo e sobre o Festival. Comenta a tensão entre arte e política na China contemporânea e o crescimento do cenário artístico naquele país

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Programas Públicos | Foco 2: 18º Festival: vetores e inflexões | Territórios do sul: experiências, cidades e fronteiras (Parte 2)

One Year Performance 1980 -- 1981 (Time Clock Piece) | Tehching Hsieh

TateShots Issue 12 (2008) | Harrison and Wood

Ações VB
18º Festival
Territórios do sul: Experiências, cidades e fronteiras
Outras conexões

Tehching Hsieh, artista de Taiwan radicado em Nova York, famoso por suas performances duracionais no final das décadas de 1970 e 80, é uma referência importante para Morgan Wong. "Ele realizou cinco performances lendárias com duração de um ano cada, incluindo One Year Performance 1979 - 1980, na qual ele bateu um cartão de ponto, de hora em hora, durante um ano inteiro", explica o artista. 


O artista também cita os vídeos de John Wood e Paul Harrison – "resultado de ações altamente performáticas e absurdas" – e a pintura dos números Roman Opalka. Wong ressalta que "ao pintar algarismos em ordem crescente (de 0 a 5607249), de 1965 até sua morte, em 2011, a obra de Opalka marca sua vida como uma ação perseverante."


As publicações Hong Kong Artists: 20 Portraits, editada por Cordelia e Christoph Noe (Verlag für moderne Kunst, set. 2012) e Yishu - Journal of Chinese Contemporary Art (vol. 10, n. 3, mai./ jun. 2011) também estão entre as referências do artista. 


Site de Morgan Wong. 

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