"Desde a época do mestrado no Instituto de Artes da UFRGS, venho trabalhando com questões referentes ao sistema das artes. Isso é parte de uma pesquisa sobre o humor e a sátira como uma tentativa de reflexão e crítica político-social.
Mesmo realizando uma pesquisa em Poéticas Visuais, foi difícil satirizar a arte dentro do ambiente acadêmico, e minha prática artística de então acabou se concentrando em questões de gênero e sociais.
A partir de 2011, quando terminei o mestrado, minha poética acabou naturalmente voltando-se mais fortemente para temas relacionados ao mundo da arte, como em Como é bom ser rica! e Ginástica.
Ao fazer um vídeo engraçado de uma conversa fictícia sobre arte com um cachorro, quis expor algumas questões que me movem sobre o mundo da arte, além das opiniões que tenho sobre alguns artistas e seu papel na história da arte.
Toco é cachorro da minha mãe e eu sempre percebi que ele tem um olhar interessante, bom para a câmera. Gravei esse vídeo em uma noite em que Toco estava na minha casa junto com Saci, meu cachorro, aproveitando minha total intimidade com eles.
Ao contrário de outros trabalhos, que lidam com preconceitos, classes sociais, mundo das celebridades e idiossincrasias cotidianas, Toco... lida exclusivamente com o campo da arte contemporânea. Por mais que a imagem do cachorro possa ter um apelo universal, as referências contidas ali podem dificultar a compreensão do público não especializado. Isso não ocorre em outros dos meus trabalhos, como Boquinha e Mortos Vivos.
Além do campo da arte contemporânea, outra importante referência em Toco... é a linguagem televisiva; especialmente programas de humor, que utilizam a inserção de vinhetas animadas durante a exibição dos VTs. Bem ou mal sucedidas em acrescentar graça às piadas dos programas, essas vinhetas são bastante características dos humorísticos televisivos. Por me interessar em televisão e nesse gênero de programa, quis trazer essa linguagem específica – também presente na internet – para o campo da arte contemporânea.
Quando realizo vídeos, procuro fazer com que o trabalho possa ser compreendido por qualquer pessoa que o assista, independentemente dela fazer parte do campo das artes visuais. Por isso, a aproximação com a linguagem televisiva, a inserção de vinhetas animadas e um tempo rápido de edição."
Mariana Xavier em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)
