"Eu criei esta obra em três etapas. Inicialmente, eu pesquisei a história do pequeno Porto de Sukreswar, em Guwahati, na Índia. Tentei compreender a situação sócio-política do Nordeste da Índia pelos jornais, sempre repletos de notícias sobre o conflito entre soldados do governo indiano e grupos de militantes, como a Frente...
"Eu criei esta obra em três etapas. Inicialmente, eu pesquisei a história do pequeno Porto de Sukreswar, em Guwahati, na Índia. Tentei compreender a situação sócio-política do Nordeste da Índia pelos jornais, sempre repletos de notícias sobre o conflito entre soldados do governo indiano e grupos de militantes, como a Frente Unida pela Libertação de Assam (ULFA, em inglês). Também pesquisei em livros, mapas e romances de ficção.
A segunda etapa foi 'mergulhar' em meu campo de estudo. O significado de mergulhar aqui é: 'viver com', eliminar a distância entre eles (o povo Sukreswar) e eu. Então, eu passei tempo com eles, conversei, bebi junto, dormi em suas casas. Eu queria ter a experiência de ser um morador daquele pequeno porto. E quando o povo de Sukreswar me aceitou, comecei a registrar as suas atividades cotidianas com minha câmera.
Quando voltei para a Indonésia, a terceira etapa foi assistir todas as minhas gravações. Percebi, então, que as imagens das pessoas atravessando o rio Brahmaputra representavam a coisa mais importante sobre o que eu queria discutir a respeito de Sukreswar. O Brahmaputra é o único rio da Índia que tem um nome masculino, e divide o Nordeste da Índia em duas partes: Norte e Sul.
Eu tenho uma tendência a criar obras políticas. E ‘político’, aqui, não se refere apenas à questão ou ao tema que eu quero discutir, mas também ao impacto que a obra tem na sociedade. De que modo esta obra é capaz de comunicar minha posição em relação às questões que quero discutir?
As breves narrativas contadas pelas pessoas são referências importantes para o meu trabalho. Eu convido o público a refletir sobre questões globais por meio de pequenas narrativas pessoais. É assim que consigo extrair as experiências do público, ou mesmo relacioná-las às questões que discuto.
Eu penso na posição do artista na sociedade. Principalmente quando a arte imagina e cria mudanças para o futuro.
Pode-se dizer que vivo em um país com um sistema confuso. O contexto sócio-político de meu país reflete papéis ainda desordenados. Mas, eu adoro viver essa vida confusa, porque isso me mantém desperto para analisar, reagir, ou mesmo buscar uma realidade."
Mahardika Yudha em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)
- Dados técnicos
Suara Putra Brahma (2010) | Mahardika Yudha
Vídeo | 3’49”, estéreo, cor / p&b, 4 : 3, loop
Suara Putra Brahma (2010)
Depoimento Mahardika Yudha | 18º Festival
- Ações VB
- 18º Festival
- Territórios do sul: Experiências, cidades e fronteiras