"Fico profundamente entristecido e sensível sempre que me deparo com qualquer situação de desequilíbrio. Em geral, é esse tipo de situação ou evento que desencadeia o processo criativo em mim.
Racismo, injustiça, propaganda política, escravidão, colonialismo, neo-colonialismo, imperialismo.
A aproximação que eu faço desses termos é metafórica. Trata-se de buscar estratégias visuais que me permitam expressar as influências e os impactos do neocolonialismo e do imperialismo, em particular, no continente Africano e no mundo.
De fato estes dois termos (neocolonialismo e imperialismo) possuem, literalmente, um denominador comum: a dominação. E dominar é submeter, é asfixiar. Sou particularmente sensível às questões, aos eventos que evocam este tipo de situação.
Em uma situação de asfixia, a única forma de sobrevivência é a resistência e a busca de formas e meios para reencontrar a afirmação, o equilíbrio e o oxigênio vital para seguir existindo. Essa é, basicamente, a metáfora onde me apoio. Minha motivação profunda é, portanto, concentrar-me na busca de estratégias poéticas que permitam reafirmar e arejar patrimónios culturais, históricos, urbanos, sociais, econômicos e geográficos ocultos.
A ideia por trás de We are one é demonstrar metaforicamente um experimento que evidencia a natureza das tensões, comunicações e resistências relacionadas às relações humanas. A metáfora por trás do movimento das mãos sugere que, para reinventar o humanismo, precisamos trazê-lo de forma horizontal e cotidiana à nossa vida social, cultural e política."
LucFosther Diop em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)