"Como se vê em Love Story, há muitos anos eu venho buscando representações do romance, da inocência e do conceito de ‘possibilidade’ relacionado à juventude. Me sinto atraída pelas estéticas da nostalgia e do kitsch, e me interesso pela maneira como esses elementos operam na interpretação de uma determinada obra de arte. Frequentemente, eu sobreponho opostos binários (inocência/experiência, bem/mau, amor/ódio) para incentivar a reavaliação das percepções mais básicas.
Uma reação extraordinária que ocorreu a primeira vez que expus essa obra partiu de uma mulher que havia recentemente terminado um longo relacionamento com um namorado. Este é um pequeno trecho do e-mail que recebi dela: 'Achei o trabalho extremamente forte, e isso foi ainda amplificado pelo fato de que eu estava com problemas em meu relacionamento... Devo admitir que estou com dificuldades no momento e constantemente vejo imagens do casal que você pintou; a paixão intensa, as mãos dadas, a cabeça da mulher se virando quando ele diz que acabou e a silhueta do homem indo ao chão num beco. A cabeça entre as mãos, completamente tomado pela angústia.'
Como artista, eu me sinto muitas vezes desiludida em relação ao verdadeiro potencial da arte. Ao ler o e-mail dessa mulher me senti incrivelmente emocionada. Foi um exemplo de como a arte pode tocar alguém e afetar experiências reais. Espero que meu trabalho a tenha ajudado a superar esse período difícil, e sou muito grata a ela por ter me comunicado sua experiência pessoal.
Meus trabalhos tratam de romance, mesmo quando têm a ver com conflitos. Isso muitas vezes faz com que sejam vistos como particularmente 'femininos'. Eu entendo que é improvável que um homem os tivesse criado. Apesar disso, espero que os homens possam reagir a eles. Embora eu veja meu trabalho como relativamente apolítico, alguns deles foram vistos sob um prisma feminista.
Em Love Story, a natureza silhuetada dos personagens tem a intenção de conferir à obra uma atmosfera universal. A ausência de diálogo amplifica isso. A linguagem corporal é usada para transmitir significado, emoção e narrativa. A forma da obra analisa os eventos e componentes comuns utilizados em estruturas narrativas românticas. As oito peças se repetem, em ordens diferentes, para criar histórias, algumas com final feliz e outras nem tanto."
Lorraine Heller-Nicholas em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)