Sonoplastia

2011
Lenora de Barros
publicado em 27.06.2013
última atualização 09.01.2015

"A ideia para o trabalho nasce na 7a Bienal do Mercosul – Grito e Escuta, em 2009, quando participei como co-curadora da Radiovisual. Por conta da pesquisa para o projeto da rádio, acabei me envolvendo e me aprofundando no universo sonoro.
 
No mesmo ano, realizei, em um nicho sob as escadas da Galeria Millan, uma pequena instalação, As paredes têm...


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"A ideia para o trabalho nasce na 7a Bienal do Mercosul – Grito e Escuta, em 2009, quando participei como co-curadora da Radiovisual. Por conta da pesquisa para o projeto da rádio, acabei me envolvendo e me aprofundando no universo sonoro.
 
No mesmo ano, realizei, em um nicho sob as escadas da Galeria Millan, uma pequena instalação, As paredes têm ouvido. A ideia era criar uma situação para ser ouvida e imaginada ('ouvista', a partir da expressão do poeta Augusto de Campos), de uma personagem solitária, desnorteada, dentro de um ambiente fechado, subindo e descendo escadas, e de tempos em tempos, falando, displicentemente, 'Es-tar em si só por es-tar sal-ti-tan-do so-bre as sí-la-bas do si-lên-cio'.
 
O monólogo podia ser ouvido diretamente na parede pelo 'espectador/ouvinte',  gerando uma situação de voyeurismo sonoro. O som foi editado em ‘alturas’ e volumes diferentes para espacializá-lo, e criar a sensação de que a personagem circulava em um ambiente amplo e pleno de acontecimentos.
 
Para Sonoplastia realizei, inicialmente, uma 'colheita sonora', a partir de conversas e sonoridades ouvidas aleatoriamente no dia-a-dia. Costumo chamar essa fase de 'momento orelhão'.
 
A partir de fragmentos de textos ouvidos e retirados do seu contexto original, de frases soltas re-criadas, situações insólitas, imaginadas e/ou reais, concebi 'cenas sonoras' para serem completadas e realizadas pela imaginação do ouvinte (auditeur).
 
Na instalação realizo performances vocais e crio diversos 'personagens' – masculinos, femininos, vozes infantis – que, de algum modo, também aludem ao universo das artes cênicas.  
 
Decidi usar o sistema de copos colocados, junto aos ouvidos, diretamente na parede, para amplificar o som emitido através dela. Esse recurso foi inspirado em brincadeiras de infância, quando ouvia sorrateiramente, conversas e sonoridades alheias.
 
Outra situação explorada é a coreografia que nasce da movimentação dos corpos dos ouvintes ao escutar as várias cenas sonoras, a partir de pontos localizados em diferentes alturas nas paredes do ambiente.
 
Desde o início de minha trajetória, trabalho com os vários aspectos da linguagem. Minhas primeiras experiências, em meados dos anos 70, se deram a partir da palavra e da foto-performance, influenciada pela poesia concreta. Seus conceitos, sua vocação multidisciplinar e seu diálogo com outras linguagens artísticas apontaram possibilidades e direções a serem exploradas. Tentei expandir para o espaço o aspecto 'verbivocovisual' da linguagem, procurando sempre uma poética que contemplasse o verbal, o sonoro, a oralidade e o visual.
 
Quando me voltei para uma reflexão sobre as questões sonoras, percebi que o som é geralmente subestimado em relação à imagem (com exceção da música, claro!). Sonoplastia tenta subverter a hierarquização entre a linguagem visual e a sonora. A partir do som, o ouvinte imagina e constrói suas próprias histórias."


Lenora de Barros em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Sonoplastia (2011/2013) | Lenora de Barros
Instalação | Sistema de som, copos de vidro, mesa em MDF, adesivos de parede; dimensões variáveis
Som: Cid Campos/MC2 Studio
 

Detalhes da obra e de sua instalação no espaço expositivo do 18º Festival de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil

Depoimento Lenora de Barros | 18º Festival

A artista paulistana fala de suas primeiras experiências com vídeo, e recompõe sua trajetória, relembrando momentos marcantes da história do Videobrasil

Sonoplastia (2011) | Gabriela Bernd

Vídeo sobre Sonoplastia.

Exposição Sonoplastia de Lenora de Barros (2011) | Metrópolis - TV Cultura

Ações VB
18º Festival
Outras conexões

"O ensaio Tradição e talento individual (1921), de T. S. Eliot foi fundamental na minha formação e me orientou ao longo de minha trajetória", afirma a artista. 

Anexos

A língua de Lenora de Barros, por Audrey Furlaneto (O Globo, jan. 2012) [pt]

A arte sonora de Lenora de Barros, por Marcelo Rezende (Revista Brasileiros, ed. 53, dez. 2011). [pt] 

Por trás das paredes, por Luisa Duarte (O Globo, dez. 2011). [pt]

Mergulho na criação sonora, por Camila Molina (O Estado de S. Paulo, nov. 2011). [pt]

RADIOVISUAL – para ouvir com outros olhos, por Lenora de Barros (7ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, Brasil, 2009).  [pt] 

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