"Eu passei pelo menos um ano jogando, navegando e observando o famoso videogame de tiro em primeira pessoa*, Call of Duty: Black Ops. Como um etnógrafo visual em um trabalho de campo virtual, coletei a maior quantidade de informações possíveis do mundo dos games, para reflexão e processamento posterior.
Outro aspecto importante da minha pesquisa envolveu o ato de hackear a interface original dos videogames. Como em outros games de tiro em primeira pessoa, a arma – um elemento arquetípico do jogo – ocupou uma posição central na visualidade da obra. Eu queria me concentrar na paisagem virtual, então hackeei o jogo para remover a arma da cena e manter os outros elementos visuais intactos, adotando uma espécie de tática de descolagem.
A obra é estruturada para sugerir um loop infinito, sem início e fim demarcados, uma metáfora que evoca uma Hong Kong pós-colonial presa aos seus ciclos obscuros de depressão política. Além de incorporar minha resposta pessoal ao contexto sociopolítico da cidade, esse trabalho é também uma obra sobre representações culturais e suas inserções na mídia popular contemporânea, como parte de um contexto global."
* do inglês first-person shooter, FPS
Ip Yuk-Yiu em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)