Para mim, que sou formado em Arquitetura e Urbanismo, entender a arquitetura através da ruína é uma maneira de inverter o processo do ofício do arquiteto de projetar, edificar e habitar. Tal inversão é o princípio para construção de outras poéticas que tenham a arquitetura como base. Os interiores em ruínas que me...
Para mim, que sou formado em Arquitetura e Urbanismo, entender a arquitetura através da ruína é uma maneira de inverter o processo do ofício do arquiteto de projetar, edificar e habitar. Tal inversão é o princípio para construção de outras poéticas que tenham a arquitetura como base. Os interiores em ruínas que me interessam são aqueles que não oferecem respostas imediatas sobre como foram usados no passado. Essa imprecisão quanto à função os tornam espaços propícios para serem ocupados de diversas maneiras. Abordar, assim, rupturas e permanências na formação da história brasileira é um mote conceitual importante na minha prática artística, como nas obras Percorrer Tempos e Ver as Mesmas Coisas e Uma cor para cada erro cometido (ambas de 2017). O uso de referências históricas é uma forma de aproximar passado e presente, incitar confrontos e comparações e, sobretudo, de me posicionar sobre valores historicamente consolidados na sociedade brasileira. As imagens que relaciono a esses fatos são resultados de uma pesquisa realizada ao percorrer instituições centenárias, cultos religiosos, resíduos em espaços urbanos, entre outros. Quanto ao processo, a fase de captação de imagens tem uma dinâmica documental; depois, a experiência artística é consolidada com a pintura, onde há a manipulação de tais “documentos” – entre os quais fotografias, pinturas, desenhos e elementos arquitetônicos. Pensando também a relação do suporte pintura em mostras como a 21ª Bienal, em alguns casos há a necessidade de se trabalhar em uma escala menor, pedir um olhar distante e próximo, mesmo que seja em uma tela de grande formato, para que a construção de uma narrativa se concretize. Um exemplo desse procedimento pode ser observado na obra O Golpe, a Prisão e Outras Manobras Incompatíveis com a Democracia (2018), onde foi necessário representar detalhadamente a cena do último discurso do Presidente Lula antes de sua prisão para que a imagem não perdesse a importância simbólica que carrega.
- Dados técnicos
UMA COR PARA CADA ERRO COMETIDO
2017 | ÓLEO SOBRE TELA
Documentário sobre a prisão do ex-presidente Lula
Trailer do documentário "Democracia em Vertigem"
- Ações VB
- 21ª Bienal