Durante as filmagens de Nikki’s Here, permiti que todo tipo de experiência possível fosse realizado através dos personagens. Em determinado momento, enquanto filmava Nikki, ela me disse que eu era “intelectual” demais, o que era muito incômodo para ela se expor. Resolvi abandonar toda possível teoria do cinema ou questões técnicas existentes para poder romper aquela barreira. Assistindo ao material filmado, subitamente me dei conta de que minha perspectiva havia sido passivamente moldada pelas culturas e pelas relações midiáticas vietnamitas e americanas. O encontro entre Nikki e Calvin é a mediação entre mim e o outro. As diferenças culturais entre eles dois são causas de seu entendimento e de seu casamento.
Embora não fosse minha intenção, acredito que este filme possa transmitir uma mensagem contemporânea ao abordar o feminismo e sua relação com a história de Nikki. Em se tratando dos limites entre realidade e ficção, vejo este filme como uma sequência de documentário: eles namoram pela internet, depois se tornam um casal, Nikki consulta o tarô com uma amiga, o cachorro morre, e ela é massagista tântrica. O resto é ficção com base na projeção de Nikki, sem a experiência direta do diretor. No entanto, realidade e ficção não são duas coisas para mim, pois, afinal, o filme foi montado como uma história da perspectiva do cineasta.
Em depoimento à PLATAFORMA:VB
