A forma de chegar nesse projeto parte de coincidências numa rua no centro histórico de Lima. Em uma loja de antiguidades vendiam-se slides de viagens, de lugares turísticos, e algumas sequências soltas de Sonoviso, com imagens mais locais e temas próximos ao contexto do Peru. Entendo, então, que se trata de um material pedagógico. O curioso é a sua área. Sonoviso é uma associação de produção audiovisual cultural, educativa e de serviços de fotografia, vídeo e áudio, e a Comissão Episcopal de Catequese e a Pastoral Bíblica tinham contratado o seu serviço. Esses álbuns circularam entre os anos 1975 e 1989 e narram, por meio de diferentes simbologias locais, extratos da Bíblia. Uma forma sutil de cultivar a fé cristã.
Muitos dos meus projetos começam por anedotas e percursos pessoais que tropeçam em objetos encontrados. História do cosmos surgiu de um dos percursos mais comuns em lojas de antiguidades pelo centro de Lima, mas também conflui com um fazer pós-fotográfico e da gravura.
Acho que a capacidade criativa se mistura, consciente e inconscientemente, com nossas opiniões políticas frente a algo. A estética pode ajudar a alcançar um ponto frontal ou sutil frente a essas posturas. Pessoalmente, é inevitável que no meu trabalho escapem certos repúdios frente a situações políticas, que podem se ver caladas por posturas moralistas ou pela ignorância e pala falta de consciência. História do cosmos pretende jogar com esses conceitos, uma voz que irrompe com as ideias que ficam no fundo da consciência como “cultura, criar-se, poder, estrelas, pó”, parafraseio poético ou político.
Elizabeth Vásquez Arbulú em depoimento a PLATAFORM:VB (Agosto 2017)