Parallel

2017
Jiwon Choi
publicado em 02.10.2017
última atualização 02.10.2017

Eu trabalhava com diretores de estrelas do Pop coreano (K-Pop) em Nova York, então tive a chance de vê-los de perto e de me familiarizar com sua música. Depois de um longo período de negação, me envolvi com o K-Pop e me interessei por seus contrastes, a realidade e a representação, os símbolos e as mensagens subjacentes da...


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Eu trabalhava com diretores de estrelas do Pop coreano (K-Pop) em Nova York, então tive a chance de vê-los de perto e de me familiarizar com sua música. Depois de um longo período de negação, me envolvi com o K-Pop e me interessei por seus contrastes, a realidade e a representação, os símbolos e as mensagens subjacentes da música pop. Em 2015, eu estava em Seul, na cidade onde é possível se rodear de K-Pop. Durante minha permanência em Seul, em agosto, houve um incidente na DMZ (zona desmilitarizada), em que dois soldados sul-coreanos foram feridos em explosões de minas terrestres. A Coreia do Sul montou alto-falantes na fronteira e tocou músicas K-Pop a altos decibéis na fronteira, juntamente com transmissões de mensagens políticas. O uso de alto-falantes causou uma resposta severa do norte, resultando em uma troca de fogo e a ameaça de desencadeamento de uma ação militar para combater a "guerra psicológica antinorte". Fiquei impressionada com o fato de que essa cultura popular se tornou uma forte propaganda para o país e, quanto mais vivenciava essa cultura em Seul, mais minha curiosidade aumentava.

 

Como uma criança que nasceu na década de 90, minha relação com a Coreia do Norte continua sendo à de uma educação vaga dos tempos da escola primária e das visitas às confraternizações de refugiados norte-coreanos com meu avô. Meus avós são refugiados da Coreia do Norte, de onde fugiram durante a Guerra da Coreia. Durante um tempo, tive vontade de entrevistar meu avô, mas nunca ousei perguntar a ele sobre seu passado. Após o conflito de 2015 entre Norte e Sul, finalmente pedi para entrevistá-lo. O que ele me contou foi estarrecedor e desolador – fiquei emocionalmente esgotada. Senti uma forte conexão com ele através de sua memória vívida, e agora seu passado não é uma história distante para mim.

 

Depois de voltar para Nova York para terminar minha pós-graduação, quis analisar a representação da Coreia do Sul, especificamente a relação entre a Guerra da Coreia e o K-Pop, ambos envolvidos na construção da sociedade coreana contemporânea. Essas duas representações mediadas parecem se estender além de sua própria subjetividade, tornando-se mecanismos cegos para a propaganda e uma autoridade opaca em e de si. Quis provocar uma discussão por meio de ideologias que são equivalentes a ambas as narrativas, como idolatria, uniformidade, ditadura e ilusão.

 

Parallel foi um processo em que uni elementos que estavam espalhados no meu trabalho. Feminismo, cultura popular, espetáculo, mitos modernos, cosplay, performance, cultura coreana, reality shows de televisão, colagem em vídeo etc. Tentei desenvolver tantas camadas quanto possível, pois havia muitas discussões que quis provocar, especialmente para públicos não familiarizados com essa cultura. Além disso, considerando toda minha obra, Parallel foi o trabalho mais demorado, e é minha obra em vídeo mais longa.

 

Para mim, Parallel é uma mensagem política, a estética construída sobre expressões poéticas, a ética explicada pelo sarcasmo.

 

Jiwon Choi em depoimento a PLATAFORM:VB (Agosto 2017)


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Dados técnicos

Parallel​, 2017 | Vídeo, 29' 55"
Jiwon Choi

 

Trailer de Parallel

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Outras conexões

As referências que contribuíram para este trabalho são Guy Debord, Walter Benjamin, Theodor Adorno, Samuel Beckett, Zeitgeist, a videoarte dos anos 60, feminismo, cultura popular, mitos modernos, cosplay, performance, cultura coreana, Seul, reality shows de televisão e a vida cotidiana.

 

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