Acho que minha pesquisa parte de um interesse abrangente sobre o conceito de espaço sideral, entre as coisas à sua volta e também de uma noção de lugar e posicionamento. Lugar demarcado, transitório, efêmero, construído etc.; posso citar várias associações que surgem, mas tenho certeza de que cada projeto – concluído ou não – se relaciona diretamente com a necessidade do seu acontecimento. Sempre trabalho partindo de algum dado espacial, por exemplo, o tamanho de uma sala ou o país onde será apresentado o trabalho.
Neste 20º Festival, apresento duas instalações: Speech About the Sun e A barra de ballet está livre. Ambas dialogam com o entorno, apesar de não terem sido pensadas diretamente para o Sesc Pompeia. Em Speech About the Sun, proponho uma instalação com uma variedade de objetos, figuras e ornamentos. O grupo de peças produz um ambiente que existe em igual medida como um palco e um lugar de observação silenciosa, até mesmo como um espaço de visão (no sentido de imaginação).
Já em A barra de ballet está livre, a medida do espaço é pensada como algo diferente do seu referencial arquitetônico, em função de um uso experimental ligado às medidas do corpo humano. O público observa as estruturas e imagina seu corpo sendo orientado por essas linhas desenhadas no espaço. Aspectos ligados à forma e ao material, como linhas horizontais e verticais, forças de peso e proporção, estruturas construtivas, materialidade e cor, organização visual e de ponto de vista foram fundamentais no processo de criação.
Ana Mazzei em depoimento a PLATAFORM:VB (Julho 2017)