Kong Bei

Kong Bei (Três Rodas) foi um projeto inesperado antes de eu decidir transformá-lo em ficção. A história foi inspirada na história de meus pais, que foram forçados a se casar durante o regime do Khmer Vermelho, de 1975 a 1979. Eu iniciei este projeto como um documentário sobre meus pais. À medida que continuava cavando, não me sentia confortável em saber sobre o relacionamento dos meus pais, já que nunca tinham contado abertamente sua história aos meus irmãos. Foi então que decidi transformá-lo em ficção. Quando escrevi a história, tive muita imaginação e liberdade para abordá-la, mas foi algo muito desafiador, já que não tinha experiência em escrever ficção, então eu não era muito bom escrever os diálogos, apenas algumas falas no filme. Mas à medida que passava mais tempo pensando em contar uma história com imagens e sons, ela se tornou minha ideia principal. Além disso, quando estava no set, sentia-me muito livre quando não seguia meu plano original. Por exemplo, na cena do casamento, não planejei filmar exatamente o que eu filmei. Apenas comecei pedindo um ensaio ao fotógrafo. A partir desse pedido, tudo correu naturalmente, então aproveitei o momento e filmei-o.

Enquanto escrevia este projeto, usei muita imaginação para criar cada sequência. Por exemplo, a cena de abertura foi profundamente inspirada por muitos documentários sobre o Khmer Vermelho que eu vi; havia muitas ruas vazias em Phnom Penh, a capital do Camboja, durante o governo do Khmer Vermelho. Ao explicar essa ideia no meu filme, gravei a sequência bem tarde da noite e escolhi uma música do regime do Khmer Vermelho. Para o elenco, tinha grande interesse em trabalhar com atores não profissionais, já que essa era uma maneira mais interessante de expressar o realismo, além de acrescentar uma camada de imperfeição ao filme. Para mim, essa história realmente reflete a atual sociedade cambojana, como os pais decidem o casamento dos filhos.

Kavich Neang​ em depoimento a PLATAFORM:VB (Agosto 2017)