Evergreen é um dos meus primeiros filmes, e os temas que surgiram em sua criação ainda reverberam em todas as obras que produzo. As questões da falsa dicotomia entre lembrança e esquecimento, herança e espetáculo, natureza e cultura e humano e não humano são centrais nesta obra e assim permanecem em toda minha produção...
Evergreen é um dos meus primeiros filmes, e os temas que surgiram em sua criação ainda reverberam em todas as obras que produzo. As questões da falsa dicotomia entre lembrança e esquecimento, herança e espetáculo, natureza e cultura e humano e não humano são centrais nesta obra e assim permanecem em toda minha produção (veja as figuras 16 à 21). Evergreen foi filmado no Japão no período de alguns meses em 2013, e explora a crise de grandes narrativas face à imagem fotográfica. Os papéis de agente e espectador, documentarista e participante, imagem e paisagem são desestabilizados por meio da ação dos corpos na tela, além da presença do meu próprio corpo. Espacialidade e temporalidade se tornam intercambiáveis à medida que a natureza se antropomorfiza. A natureza de fato acaba por substituir a herança, e ambos figuram como espetáculo pictórico. Na trama formada pelos materiais das imagens em movimento, que se conectam entre si não de forma casual, mas por meio de sua coexistência no espaço-tempo, a infraestrutura global de transporte parece ser posta em prática na criação da utopia imanente.
Evergreen tem conformado minha contínua pesquisa acadêmica e artística no que chamo de “cinema geológico”. Operando sob o horizonte do Antropoceno, a nova época geológica em que o ser humano supostamente é responsável por mudanças geofísicas na Terra, o cinema geológico busca desierarquizar e desestabilizar os dualismos herdados do Iluminismo que foram substancialmente postos em dúvida na teoria contemporânea, como natureza e cultura, sujeito e objeto, mente e matéria, por meio da reformulação da visualidade por meios óticos. Já presente em Evergreen, meus filmes atuais buscam tornar a paisagem visível, não de forma objetificante, mas integrada, falar junto com, mas não em nome da natureza ou da geologia, considerar não o tempo profundo, mas o agora profundo, mostrar a matéria como processo, enredar temporalidades e materialidades incorporadas, geológicas e históricas.
Sasha Litvintseva em depoimento a PLATAFORM:VB (junho 2017)
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Evergreen, 2014 | Vídeo, 27'
Sasha Litvintseva
Trailer de Evergreen (2014) | Sasha Litvintseva
Evergreen (trailer) from Sasha Litvintseva on Vimeo.
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