A maioria dos meus filmes vem das e falam sobre minhas memórias pessoais. Nesse aspecto, seria possível dizer que é a pesquisa sobre o próprio mundo interior de alguém. Ao fazer filmes, crio um mundo diferente, que se imiscui na realidade. É por isso que sempre considero meus filmes não como ficção, mas mais como...
- Dados técnicos
Vuon Bau Xanh Tuoi, 2016 | Vídeo, 15'
Quy Minh Truong
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- 20º Festival
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Para fazer How Green the Calabash Garden Was, penso que há dois filmes que me inspiraram muito mais, que são Noite e Neblina (1956), de Alain Renais e Shoah (1985), de Claude Lanzmann.
Em Noite e Neblina, filmado apenas dez anos depois do fim da Segunda Guerra, Resnais pede que as gerações futuras se responsabilizem por não permitir que história caia no esquecimento. Esse pedido implica um medo na incapacidade humana de lembrar. Diz-se que o tempo cura tudo, mas curar e esquecer são duas coisas diferentes, embora as confundamos com frequência. O veterano do meu filme diz: “As lembranças dos soldados são bem interessantes. Mas há certas coisas em que não prestamos mais atenção, porque elas não se aplicam à vida de uma forma prática”.
Shoah me impressionou por causa da decisão do diretor em não mostrar as imagens de arquivo da Guerra — e o Holocausto em particular. O que podemos ver é puramente o que está presente no momento diante dos nossos olhos: os remanescentes dos campos de concentração, uma floresta verdejante que já foi um campo de extermínio etc. Vemos todas essas imagens ao escutar a voz dos sobreviventes contando sua história, então precisamos imaginar nossas próprias imagens e versões do passado que já estão ausentes; ao imaginar, já estamos envolvidos e, portanto, somos responsáveis por aquilo que imaginamos. A ideia de justapor imagem e voz é o que aprendi de verdade com essa obra-prima.