Histórias minerais extraordinárias: conferência performada, debates e projeto editorial

2016
publicado em 26.09.2017
última atualização 26.09.2017

Em pesquisa no Museu de Etnografia de Genebra, encontrei uma documentação guardada por um geólogo que apontava para um assunto que sobressaía de todo o restante dos conteúdos de seus estudos. Principalmente, o assunto me conduziu por um campo novo para meu próprio trabalho. Buscando compreender a questão que surgia a partir de um...


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Em pesquisa no Museu de Etnografia de Genebra, encontrei uma documentação guardada por um geólogo que apontava para um assunto que sobressaía de todo o restante dos conteúdos de seus estudos. Principalmente, o assunto me conduziu por um campo novo para meu próprio trabalho. Buscando compreender a questão que surgia a partir de um imaginário da geologia espacial, encontrei dois outros acervos fabulosos, que subsidiaram reflexões nessa direção: um arquivo de supostos avistamentos e contatos extraterrestres e uma biblioteca de ficção científica. Esses acervos foram úteis para expandir as questões referentes à ficcionalização de atividades minerais e suas matérias, tecnologias e personalidades.

 

A obra é um desdobramento de trabalhos sobre mineração desenvolvidos ao longo de muitos anos. Esses trabalhos se relacionam com a história, em pesquisas sobre a questão do trabalho, da economia e da memória visual da exploração mineral, buscando revelar também camadas do imaginário em torno dessa atividade. Para esta obra, estudo o mineral no campo da ficção; esse projeto traz uma mudança de perspectiva, em que não se debruça sobre o solo terrestre. O fragmento mineral é, nessa obra, constituído de invenção, com características atribuídas que, no entanto, refletem a imaginação em torno da exploração real. Se é libertador mirar os céus e especular possibilidades geográficas siderais, por outro lado a invenção reafirma desejos coloniais de exploração e domínio.

Trabalho com a construção de histórias relacionando documentos, acervos, ficcionalizando ou performando o arquivo; elementos históricos são, assim, disparadores, dispostos a interpretação. Processos de trabalho e questões pesquisadas configuram obras; tenho me utilizado da “voz” para a construção de obras, em forma de narrações com imagens projetadas conformando conferências e debates, e também com escrita e publicações. Histórias Minerais Extraordinárias utiliza esses formatos ou suportes como elementos formais e de circulação. O projeto é inédito e reúne materiais e sujeitos de três acervos na Suíça para uma narrativa sobre memória e invenção. A construção de uma história, a ser apresentada ao vivo, além da edição de um vídeo e exposição, dá início a colaborações visando a um projeto editorial.

 

O trabalho é construído a partir da interpretação de acervos de três personalidades/personagens. “Obra” aqui se faz por meio de uma leitura narrativa interligando referências encontradas em suas coleções, além de uma instalação com fotografias do arquivo de Billy Meier e um documentário sobre sua história. A obra percorre campos ficcionais relacionados à mineração.

 

Mabe Bethônico​ em depoimento a PLATAFORM:VB (junho 2017)


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Dados técnicos

Histórias minerais extraordinárias: conferência performada, debates e projeto editorial, 2016 | Instalação
Mabe Bethônico

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Configuram este trabalho o universo dos imaginários do geólogo e geógrafo Aubert de la Rüe, de Billy Meier, — por meio do arquivo que documenta seus contatos extraterrestres — e o de pesquisa e imaginação de Pierre Versins até a construção de sua Maison d’Ailleurs. Mais do que o campo da ufologia propriamente, é o espaço literário, a condição de fabulação que permeia essa obra. O trabalho se baseia em produção visual e especula a geologia no campo ficcional.

 

Site da Maison d'Ailleurs

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