Unmapping the World

2011
Clarissa Tossin
publicado em 25.04.2013
última atualização 09.01.2015

"Unmapping the World (Desmapeando o Mundo) compõe uma parte do meu trabalho relacionado à cartografia e ao ato de mapear; não só como uma forma de representação do espaço mas também como instrumento discursivo de poder. Meu interesse reside em subverter esse formato e questionar a naturalização das ideias propagadas por...


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"Unmapping the World (Desmapeando o Mundo) compõe uma parte do meu trabalho relacionado à cartografia e ao ato de mapear; não só como uma forma de representação do espaço mas também como instrumento discursivo de poder. Meu interesse reside em subverter esse formato e questionar a naturalização das ideias propagadas por essas representações. 

A série apresenta desenhos de mapa-múndi feitos em folhas de papel manteiga, amassadas em bolas, sobre as quais a imagem do globo foi desenhada. Estes desenhos tridimensionais foram então desamassados, de volta à superfícies planas, resultando em diferentes configurações fragmentadas do mapa.

O gesto contido no trabalho alia duas formas de representação do mundo: o globo e o mapa-múndi. Uma mesma folha de papel serve como suporte para ambas as representações. Quando amassado em uma bola, o papel pode acomodar o desenho do globo. Ao retornar a seu estado plano, as massas territoriais delineadas se espalham na sua superfície, em configurações distintas.

O globo, como modelo reduzido da Terra, comporta uma representação mais apurada dos territórios geopolíticos do que os seus equivalentes no mapa-múndi. A dificuldade na transposição do tridimensional para o bidimensional abre espaço para aproximações físicas que acabam, muitas vezes, sendo determinadas por relações de poder. Assim, a tensão entre objeto e desenho reforça questões da representação, enquanto coloca o artista no papel de delinear um mundo diferente, cada vez que um novo desenho é realizado. Unmapping the World sugere o mapa-múndi como uma ideia e não como uma imagem fixa. Enquanto conceito, o mapa assume diferentes interações formais, cada qual temporária e equivalente.

Existem vários trabalhos de artistas latino-americanos que questionam a representação geopolítica do mundo, como Joaquín Torres García, Cildo Meireles, Anna Bella Geiger e tantos outros. A maioria dessas obras enfatiza a posição geográfica do artista em algum lugar da America Latina. 

Com Unmapping the World, eu tomo uma posição de equivalência e horizontalidade, em relação ao mundo (independente da minha origem), para questionar o conceito de nacionalidade – pouco representativo do movimento de trocas que definem o mundo contemporâneo, sejam elas culturais, econômicas ou de outra natureza. 

Quando as massas territoriais se espalham na superfície do papel acontece uma equação de equivalência, e não de troca, entre norte e sul ou centro e margem. Se perdem os contornos geográficos e as referências cardeais. Não existe uma direção pré-estabelecida para pendurar o trabalho na parede, o desenho se expande em ambos os lados anulando o que é frente ou verso, assim como, extremidade inferior ou superior. 

Um olhar mais crítico sobre as dinâmicas globais de poder econômico e político – seus desdobramentos sociais, estéticos, afetivos e culturais – ocorreu quando me mudei para Los Angeles. Estar fora da minha zona de conforto me possibilitou, naturalmente, uma percepção mais aguçada em relação à tais dinâmicas que, desde então, se tornaram mais presentes em meu trabalho." 


Clarissa Tossin em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)


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Dados técnicos

Unmapping the World (2011) | Clarissa Tossin
Instalação | Tinta sobre papel--manteiga, 73,6 × 48,3 cm cada

Detalhes da obra e de sua instalação no espaço expositivo do 18º Festival de Arte Contemporânea SESC_Videobrasil

Ações VB
18º Festival
Territórios do sul: Experiências, cidades e fronteiras
Urgências cartográficas
No Acervo VB
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