"Os Sami (ou lapões) são o povo nativo do Norte da Escandinávia. Historicamente, eles têm sido fotografados como atrações turísticas exóticas, ou retratados em imagens marcadas por um olhar meramente etnográfico.
Conheci os Samis em 1999, e anos mais tarde passei dois verões trabalhando como guia no Cabo Norte da Noruega – um lugar que é destino turístico e terra de pastagem para renas. Essa experiência me permitiu observar como os Samis e o turismo coexistiam no mesmo território. Fiquei fascinado pela maneira como os grupos de turistas, embora fossem formados por indivíduos diferentes, repetiam os mesmos padrões todos os dias.
O fato de ter nascido na Costa Rica, mas morar e trabalhar na Noruega, definitivamente marcou minha produção artística. Como não sou daqui, pude abordar certas questões com Drive-thru que provavelmente seriam politicamente incorretas para um norueguês branco ou para alguém da etnia Sami.
De acordo com o historiador da fotografia Michael Frizot, todo viajante com uma câmera em punho se torna um etnólogo. Em Drive-thru, eu quis inverter os papéis, e ao invés de tirar fotos dos Samis, apontei minhas câmeras para os turistas. Na maior parte do tempo, o espectador vê as costas de Nils [o personagem principal do filme] e a paisagem, que se torna uma cena. Todos nós já estivemos na situação que o filme apresenta: seja na frente ou atrás de uma câmera.
A foto de Nils está em milhares de álbuns e, quando se aposentar, ele garante que irá viajar o mundo tirando fotos de todos os nativos que encontrar. De qualquer maneira, o filme não é tanto sobre Nils quanto sobre ser observado e olhar para os observadores; ao mesmo tempo, é um estudo antropológico sobre a indústria do turismo e das viagens no século XXI.
Em 2009, quando o trabalho foi feito, a maioria das câmeras de vídeo comerciais tinham a mesma qualidade, o formato HDV. Eu queria que o filme fosse um registro de como os viajantes documentavam suas jornadas naquela época, e é por isso que o filme não foi rodado em HD. Além disso, com seu formato 16:9, o filme deve muito à pintura paisagística."
Christian Bermudez in a statement to PLATFORM:VB (October 2013)