Drive-thru

2010
Christian Bermudez
publicado em 28.04.2013
última atualização 18.12.2014

"Os Sami (ou lapões) são o povo nativo do Norte da Escandinávia. Historicamente, eles têm sido fotografados como atrações turísticas exóticas, ou retratados em imagens marcadas por um olhar meramente etnográfico.

Conheci os Samis em 1999, e anos mais tarde passei dois verões trabalhando como...


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"Os Sami (ou lapões) são o povo nativo do Norte da Escandinávia. Historicamente, eles têm sido fotografados como atrações turísticas exóticas, ou retratados em imagens marcadas por um olhar meramente etnográfico.

Conheci os Samis em 1999, e anos mais tarde passei dois verões trabalhando como guia no Cabo Norte da Noruega – um lugar que é destino turístico e terra de pastagem para renas. Essa experiência me permitiu observar como os Samis e o turismo coexistiam no mesmo território. Fiquei fascinado pela maneira como os grupos de turistas, embora fossem formados por indivíduos diferentes, repetiam os mesmos padrões todos os dias.

O fato de ter nascido na Costa Rica, mas morar e trabalhar na Noruega, definitivamente marcou minha produção artística. Como não sou daqui, pude abordar certas questões com Drive-thru que provavelmente seriam politicamente incorretas para um norueguês branco ou para alguém da etnia Sami.

De acordo com o historiador da fotografia Michael Frizot, todo viajante com uma câmera em punho se torna um etnólogo. Em Drive-thru, eu quis inverter os papéis, e ao invés de tirar fotos dos Samis, apontei minhas câmeras para os turistas. Na maior parte do tempo, o espectador vê as costas de Nils [o personagem principal do filme] e a paisagem, que se torna uma cena. Todos nós já estivemos na situação que o filme apresenta: seja na frente ou atrás de uma câmera.

A foto de Nils está em milhares de álbuns e, quando se aposentar, ele garante que irá viajar o mundo tirando fotos de todos os nativos que encontrar. De qualquer maneira, o filme não é tanto sobre Nils quanto sobre ser observado e olhar para os observadores; ao mesmo tempo, é um estudo antropológico sobre a indústria do turismo e das viagens no século XXI. 

Em 2009, quando o trabalho foi feito, a maioria das câmeras de vídeo comerciais tinham a mesma qualidade, o formato HDV. Eu queria que o filme fosse um registro de como os viajantes documentavam suas jornadas naquela época, e é por isso que o filme não foi rodado em HD. Além disso, com seu formato 16:9, o filme deve muito à pintura paisagística."


Christian Bermudez in a statement to PLATFORM:VB (October 2013)


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Dados técnicos

Drive-Thru (2011) | Christian Bermudez
Vídeo | 20”, estéreo, cor, 16 : 9, loop

Drive-Thru (2011)

Depoimento Christian Bermudez | 18º Festival

Um costa-riquenho filmando turistas que visitam indígenas europeus, produzindo um documento formal etnográfico sobre o fenômeno do turismo. É sobre o inusitado dessa situação que fala o artista, cuja obra integra a mostra competitiva Panoramas do Sul

Zidane, un portrait du 21e siècle (2006) | Douglas Gordon, Philippe Parreno

Bermudez considera este filme a principal influência de Drive-thru.

Ações VB
18º Festival
Outras conexões

Resenha de Don Snyder sobre A new history of Photography (1999), de Michel Frizot. O livro é citado entre as referências de Bermudez. [eng]

 

Site do Conselho Sami na Finlândia. [eng]

 

Segundo o artista, o tema do 'pertencimento' é essencial em sua trajetória. Bermudez trata dessa questão nos filmes Dear Neighbor (2006) e The birdhouse project (2011).

 

Blog de Christian Bermudez.

 

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