"Comecei esse trabalho na época em que estudava em Berlim, com uma pesquisa pela Internet sobre os Campos de Gelo na Patagônia (uma formação no extremo sul da Cordilheira dos Andes).
Fernando Armani, um amigo escalador com quem havia trabalhado durante os anos 1990 no coletivo Ar Detroy, era guia nas montanhas altas da região. Sua presença significou um grande impulso na logística da produção, contribuindo com seus conhecimentos e contatos. Durante meses foi estudada uma forma que nos permitisse estabelecer um acampamento de base, para um acesso mais rápido aos locais de filmagem. A ideia inicial era trabalhar com a luz dourada do entardecer. Isso implicava utilizar a luz até o último momento possível do dia e iniciar o regresso à base no escuro, atravessando a penumbra dos campos de gelo com enormes fendas. Durante a pesquisa e a pré-produção, consultamos os mapas da região, e estudamos diversos relatos de experiências de expedições por esses campos.
Meu processo criativo está ligado à busca permanente de novos desafios. Contemplar o que ainda não foi contemplado. Um instante de intensidade.
Concebo minha produção como um haicai, que vou reescrevendo vez ou outra, procurando desenvolver diferentes facetas de uma mesma obra."
Charly Nijensohn em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)