“11 de septiembre foi uma produção espontânea, violentamente determinada pelo dia em questão. Uma espécie de reação exagerada diante da imagem e da data. Na verdade, minha primeira reação ao ver a TV com as imagens de Manhattan (2001), foi associar esse fato de violência política como uma resposta ao golpe militar...
- Dados técnicos
11 de Septiembre, 2002 | Vídeo, 05’39”
Claudia Aravena
- Ações VB
- 19º Festival
- 14º Festival
- Contiguidade e incompletude
- Outras conexões
“Hiroshima Mon Amour, o texto de Duras e, por conseguinte, o filme de Resnais, são referências centrais para a criação deste trabalho. É nesse filme que se instalam, pela primeira vez, em um mesmo nível, imagens de natureza distintas. Aqui, não se pede permissão à diegese para instalar imagens de arquivo, nem documentais. Estas convivem melhor em mesmo nível.
Existe algo que introduzo no primeiro texto falado, que se relaciona com os eventos e com a minha primeira infância. Esse dado biográfico (eu tinha 5 anos no dia do golpe militar no Chile), que deixo transparecer em primeira pessoa através da voz em off, diz respeito a uma associação entre eventos públicos e traumáticos, como o golpe militar e, por associação, o atendado às torres gêmeas, e é o ponto de ativação da ideia de infância perdida. Com isso, quero dizer que relaciono, de forma inconsciente, a fissura que instala o golpe militar com o fim da minha primeira infância. Portanto, é claro que existe quase que uma espécie de nostalgia irracional sobre este evento, assim como é ele que acaba com a ideia de felicidade plena. Isso se relaciona também com um vídeo mais recente, Markada (vídeo, 7’20”, 2013), no qual novamente coloco em relação horrores públicos e temores privados como forma de subjetivação ativa sobre as imagens. O vídeo começa com uma frase retirada do filme La Jetée, de Chris Marker: ‘Ceci est l’histoire d’un homme marqué par une image d’enfance. La scène qui le troubla par sa violence, et dont il ne devait que beaucoup plus tard comprendre la signification…’ [‘Esta é a história de um homem marcado por uma imagem da infância. Sobre a cena que o perturbava por sua violência, e de cujo o significado compreendeu muito tempo depois...’]. É uma espécie, também, de homenagem a Marker, pois assisti a La Jetée pela primeira vez na minha época de jovem estudante. O impacto foi tão intenso, que não imagino a possibilidade de me recuperar. Existe uma analogia aqui com o golpe de estado na minha infância, algo que se instala sem que eu possa compreendê-lo, como uma marca. No transcurso do tempo, fui percebendo outras camadas do filme que não tinha percebido naquele primeiro contato senão na forma de choque, e que me levaram a pensar em questões mais profundas em relação ao cinema, à imagem, à sua construção, e sobre as relações entre o real e a ficção e, de volta ao real, pensar a questão temporal de forma menos causal, além de reflexões sobre o indivíduo e seus tormentos. Tudo isso me foi suscitado por Marker e seu filme, que sobrevive ao decorrer do tempo, e com isso, emergem confirmações importantes sobre meu próprio entendimento das imagens e sobre o que espero do cinema ou do audiovisual no campo da criação artística. Foi uma espécie de revelação.”
Entrevista com Claudia Aravena, por Eduardo de Jesus (Nov. 2006) [port]
- Anexos
Breve resumo da história da videoarte no Chile, por Nestor Olhagaray (Videoarde, Janeiro de 2008) [esp]
O vídeo explodido e seus fragmentos flutuando sobre nós, por Lucas Bambozzi (Videoarde, Fevereiro de 2008) [esp]
O 11 de setembro de Claudia Aravena, por Jorge La Ferla (Imagen, política y memoria, Universidad de Buenos Aires, 2002) [esp]