Oo, a preview

2013
Viktorija Rybakova
publicado em 02.10.2015
última atualização 02.10.2015

“Comecei a desenvolver a exposição Oo quando o curador do pavilhão da Lituânia-Chipre da 55ª Bienal de Veneza, Raimundas Malasauskas, me pediu para imaginar uma arquitetura para a luz. Respondi que poderia ser um saco plástico transparente flutuando no ar. A partir daí, perdemos a sequência de nosso raciocínio, que mais...


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“Comecei a desenvolver a exposição Oo quando o curador do pavilhão da Lituânia-Chipre da 55ª Bienal de Veneza, Raimundas Malasauskas, me pediu para imaginar uma arquitetura para a luz. Respondi que poderia ser um saco plástico transparente flutuando no ar. A partir daí, perdemos a sequência de nosso raciocínio, que mais tarde tentamos resgatar no livro Oo, a preview. O resultado foi uma dança hipnótica de imagens e cores, talvez as cores de Veneza. 

A ideia para o livro Oo, a preview foi sugerida por Malasauskas. Ele propôs que documentássemos um ano de correspondências entre os artistas participantes do pavilhão num livro de formato exclusivo, precedido somente por um vídeo. O livro em si é um sequenciador de mentes e histórias, e contém acontecimentos simultâneos em diferentes espaços. Sua estrutura foi em grande parte inspirada pelas notas curtas e hipnóticas do artista Marcos Lutyens . A boca que engole a exposição e o olho que enxerga a exposição futura são as interpretações estruturais das cartas hipnóticas de Marcos ao curador do pavilhão. Quando Marcos Lutyens assistiu ao vídeo, concordou de bom grado em fazer a narração em off.

Eu localizo o conceito da obra em relação à minha poética como uma partícula de oxigênio que simplesmente flutuava no espaço aberto e viajou pelos vasos sanguíneos até seu cérebro. O trabalho lida com experiências, com o inconsciente coletivo. Ele se passa nos bastidores de um pavilhão projetado num sonho por Antanas (artista lituano) e terminou no espaço mais inesperado de Veneza, o salão de esportes brutalista da década de 1970. 

O livro funciona como um sequenciador analógico de ideias que foram trocadas sobre o mistério de Oo. Ele contém conversas que aconteceram em diferentes momentos e locais. A estrutura do livro em si sugere que tudo está em loop, preso dentro da máquina do tempo. 

Com relação às referências que guiaram a criação da obra, a principal delas foi a consciência dos diferentes espaços ao nosso redor. Embora eu acredite que este trabalho possa ser visto como uma tentativa de performance arquitetônica, eu estava mais interessada em espaços que não são visíveis a olho nu ou que são impossíveis de perceber diretamente — espaços acústicos e o sinal limpo que mede a profundidade do som de cada espaço, ou padrões arquitetônicos ocultos que pudessem ser decodificados na mensagem. Por isso, a voz hipnótica de Marcos e o texto também foram importantes para este vídeo, que transporta o espectador para os espaços mentais da obra”.


Viktorija Rybakova em depoimento à PLATAFORMA:VB (julho 2015)


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Dados técnicos

Oo, a preview, 2013 | Vídeo, 3’30”
Viktorija Rybakova

Ações VB
19º Festival
Outras conexões

“A parte técnica do livro foi inspirada por objetos do século XIX — livros que representavam a cultura de salão, álbuns de recordações e materiais impressos criados para dar prazer a escritores e artistas, para dar aos textos uma aparência estética. Diversos componentes do livro foram criados seguindo o padrão de encadernação de biblioteca. O título é impresso em relevo em letras douradas, a lombada é feita de material plástico e as folhas de guarda são decoradas num padrão exclusivo. 


O padrão das folhas de guarda nasceu quando descobri os azulejos criados pelo monge dominicano Sébastien Truchet. Ele foi um dos primeiros a estudar os padrões árabes codificados da antiguidade e padrões irregulares. Inspirando-se nos árabes, Truchet inventou um método simples que permite criar variações infinitas de padrões usando uma grade de quadrados e um azulejo dividido em dois triângulos de cores contrastantes. Não importando a posição em que coloque os azulejos, você estará dentro de um sistema e poderá inventar seu próprio destino, seus próprios códigos. Outro cientista, Cyril Stanley Smith, fez o mesmo usando o método de Truchet e um quarto de círculo. Só que ao invés de usar a diagonal de Truchet ele usou o quarto de círculo para estudar a estrutura dos cristais. Smith escreveu The tiling patterns of Sebastien Truchet and the topology of structural hierarchy (Os padrões de azulejos de Sebastien Truchet e a topologia da hierarquia estrutural) e posteriormente inventou a fissão nuclear, tendo sido um dos primeiros cientistas por trás do Projeto Manhattan (primeira bomba atômica). Usei a técnica de Smith para criar padrões com um quarto e meio de círculo. Este azulejo, foi colocado aleatoriamente na grade, gerando a imagem de oO”.

Anexos

Depoimento de Jonas Zakaitis sobre o pavilhão da Lituânia-Chipre da 55ª Bienal de Veneza (2013). [eng]

Truchet Tilings Revisited, por Robert J. Krawczyk (College of Architecture, Illinois Institute of Technology). [eng] 

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