The Loudest Muttering is Over | Documents From The Atlas Group

2003
Walid Raad
publicado em 18.08.2014
última atualização 28.08.2014

The Loudest Muttering Is Over: Documents from The Atlas Group Archive é uma palestra/apresentação de alguns documentos do The Atlas Group Archive. Trata-se de uma palestra/apresentação em andamento, em constante modificação, que se parece e soa como uma palestra universitária, conferência acadêmica ou fala de artista. Eu...


Leia mais +

The Loudest Muttering Is Over: Documents from The Atlas Group Archive é uma palestra/apresentação de alguns documentos do The Atlas Group Archive. Trata-se de uma palestra/apresentação em andamento, em constante modificação, que se parece e soa como uma palestra universitária, conferência acadêmica ou fala de artista. Eu me sento atrás de uma mesa retangular, de frente para a plateia, mostro slides e vídeos numa tela à minha esquerda e falo ao microfone. Há um copo d’água, um caderno, uma caneta e um abajur sobre a mesa. Eu uso uma camiseta leve e calça social escura. Enfrento problemas técnicos e sou interrompido por pessoas que infiltrei na plateia, que me fazem perguntas durante a seção de perguntas e respostas.

Em diferentes locais e momentos, já afirmei que o The Atlas Group é uma fundação imaginária que criei em 1976 e uma fundação criada em 1976 por Maha Traboulsi. No Líbano disse que o ‘The Atlas Group é uma fundação sem fins lucrativos criada em Beirute em 1967’. Em Nova York e em Beirute disse que o ‘The Atlas Group é uma fundação imaginária que criei em 1999’. Digo coisas diferentes em momentos e lugares diferentes, com base em considerações pessoais, históricas, culturais e políticas acerca da localização geográfica e de minha relação pessoal e profissional com o público, bem como seu grau de conhecimento das histórias política, econômica e cultural do Líbano, das guerras libanesas, do Oriente Médio e da arte contemporânea.

Também menciono em exposições e palestras que os documentos do The Atlas Group foram produzidos por mim e atribuídos a diversos indivíduos imaginários. Mas mesmo esta afirmação direta muitas vezes não dá conta de tornar evidente, para os leitores ou o público, a natureza imaginária do grupo e de seus documentos. Para mim, isto confirma as pesadas associações com autoridade e autenticidade geradas por certas formas de discurso (a palestra, a conferência) e de apresentação (as paredes brancas de um museu ou galeria, texto em vinil, as molduras dos quadros), modos que escolhi utilizar e com os quais escolhi brincar.

O The Atlas Group produz e reúne objetos e histórias que não deveriam ser analisadas pela lógica binária convencional e redutora de ficção e não ficção. Procedemos com base na consideração de que esta distinção é falsa – sob diversos aspectos, entre eles o de que muitos dos elementos que constituem nossos documentos imaginários têm origem no mundo histórico – e não fazem jus às histórias ricas e complexas que circulam e capturam nossa atenção e crença. Além disso, sempre incentivamos nosso público a tratar nossos documentos como ‘documentos históricos’, no sentido de que se não baseiam nas memórias de uma determinada pessoa, mas sim em ‘fantasias criadas com base no material das memórias coletivas’.

É impossível reconstruir uma história das Guerras Civis Libanesas com base neste projeto. É evidente no Líbano e em outros locais que ‘A Guerra Civil Libanesa’ se refere a uma abstração. Levamos o projeto adiante com base na consideração de que esta abstração é constituída por vários indivíduos, grupos, discursos, eventos, situações e, o que é mais importante, modos de experiência.

Também consideramos importante observar que a veracidade dos documentos que pesquisamos não depende somente de sua precisão factual. Temos uma preocupação com os fatos, mas não os enxergamos como objetos que se bastam e já estão presentes no mundo. Uma das perguntas que nos fazemos é: 'Como abordar os fatos não por sua crueza factual, mas por meio das complexas mediações pelas quais eles adquirem seu aspecto imediato?'."

Relato editado a partir de entrevista concedida a Alan Gilbert (Revista BOMB, n. 81, 2002)


Reduzir texto -
Dados técnicos

The Loudest Muttering is Over: Documents from the Atlas Group Archive (2003) | Walid Raad

Vídeo | 1h13'18"

Registro de performance

DEPOIMENTO Akram Zaatari e Walid Raad  | 14º FESTIVAL

Eduardo de Jesus, Marcio Harum | Memórias Inapagáveis, 2014

Marcio Harum e Eduardo de Jesus traçam um panorama da participação de artistas libaneses nas edições do Festival, dando ênfase às obras de Akram Zaatari, Rabih Mroué e Walid Raad

Ações VB
14º Festival
Memórias Inapagáveis
No Acervo VB
Comentários