"A pesquisa para a realização de O bobo e o retrato da rainha menina, A moça de câmara e sua rainha furiosa e And the kingdom rises, parte da série Sem título, teve início no primeiro semestre de 2012.
Após três anos de trabalho ininterrupto, uma série de referências e questões surgiram. Nesse momento, eu buscava respostas que viriam apenas ao iniciar essas obras, quando o meu trabalho passou por uma mudança significativa, tanto poética, quanto formal.
Foi então que me aproximei de um universo ficcional, uma 'corte fantasiosa' na qual rituais de nobreza se apresentam em narrativas não explicitas sobre os jogos de poder: a mulher onipotente e o homem acromático (Inexpressivo, de papel secundário, conceito de homem acromático se baseia na história do consorte Filipe, Duque de Edimburgo).
Uma referência importante para a realização dessas obras foi a retrospectiva da artista portuguesa Paula Rego, em São Paulo (2011). Após ver a exposição, fiz a primeira pintura da série: Auto-retrato ao contrário. Desde então, minhas pesquisas vêm se intensificando, trazendo novas questões para minha produção e vice-versa.
A partir de 2008, tive acesso direto, como restauradora, a parte do antigo acervo da Família Real Brasileira no Museu Nacional de Belas Artes e no Museu Imperial, no Rio de Janeiro. Essa prática influenciou muito meu trabalho.
A morte, o engessamento, o erotismo, o teatro, as máscaras, as hierarquias, as guloseimas, o jogo, o desejo, o poder, o feminino e masculino. Um mundo imaginário, construído pela associação de estímulos literários, históricos e memórias afetivas. Tais questões estão vinculadas à uma materialidade vigorosa em minha produção: a cor pensada para causar estranheza, as dimensões idênticas às telas que remetem às cartas de baralho, os personagens e as cenas simbolicamente trabalhadas."
Viviane Teixeira em depoimento à PLATAFORMA:VB (outubro 2013)